segunda-feira, setembro 17, 2007

O Anticomunismo

O anticomunismo tem raízes antigas e profundas. Mergulha na ambição das oligarquias poderem manter indefenidamente os seus privilégios à custa da manutenção de diversas formas de injustiça social. Mas quando já não conseguem conter a revolta popular de forma soft não hesitam em recorrer à repressão violenta. Foi daqui que no século XX saiu o fascismo na Europa e é este o caminho que o presidente Alvaro Uribe percorre na Colômbia. O fascismo é sempre um produto do anticomunismo.

Assim quando leio a campanha anticomunista orquestrada por alguma blogosfera portuguesa, nomeadamente contra a Festa do Avante, lembro-me sempre deste filme.

(cena do filme "1900" de Bernardo Bertolucci, uma obra-prima da História do Cinema))

domingo, setembro 09, 2007

Alvaro Uribe e os "Esquadrões da Morte" (2)

A situação na Colômbia e os crimes do presidente Álvaro Uribe no testemunho dum jornalista português (Nuno Ramos de Almeida) que visitou a Colômbia. A ler aqui:

http://5dias.net/2007/09/09/reedicao-os-amigos-do-sr-embaixador/#more-1387

Quando fui à Universidade de Bogotá vi inúmeros papeis macabros, fotografias de professores e estudantes desaparecidos, presumivelmente abatidos pelos esquadrões da morte.
(ler mais...)

“MELHORES E PIORES” HOSPITAIS, UMA ANÁLISE MUITO POUCO SÉRIA

Tendo os "critérios jornalísticos" terem omitido a divulgação desta importante análise da DORP do PCP à situação do sector da Saúde no distrito do Porto aqui se publica o respectivo texto.


Recentemente foram tornadas públicas as contas do 1º trimestre de 2007 dos Hospitais Entidades Publicas Empresariais (EPEs), entre os quais se destacava na região do Grande Porto, dos 6 existentes, os “lucrosfinanceiros” de 3, o S. João, o IPO e o Vale de Sousa.

Estes resultados merecem da DORP do PCP, os seguintes comentários:

O SNS, deve ser avaliado em ganhos em saúde e não em resultados financeiros “positivos” ou “negativos”, significando que nem sempre os“melhores” são os que dão lucro, nem os “piores” os que dão prejuízos.

A DORP do PCP tem consciência da necessidade de melhorar aspectos degestão das Instituições de Saúde, travar uma luta enérgica contra os desperdícios, rentabilizar e melhorar os meios humanos e equipamentosexistentes, por forma a dar resposta às necessidade em tempo útil, tantoem qualidade como em quantidade, aos doentes/utentes.

Os chamados “lucros financeiros” em muito advêm:
- das penalizações que os utentes sofrem aquando do acesso a estas Instituições de saúde, através de taxas moderadoras, no rateamento dealguns fármacos, (geralmente mais caros e eficazes para o tratamento dosdoentes), ao mesmo tempo que é frequente estes hospitais não terem medicamentos que os doentes necessitam, sendo passadas receitas para as famílias os adquirirem no exterior e à sua custa.
- de uma politica de redução do número de camas essencialmente destinadas a doentes crónicos (exemplo das medicinas no S. João) tendo por fundo uma visão economicista dado estes doentes serem considerados financeiramente “mais caros”.
- à recorrência mais frequente às altas precoces, levando em várias situações a novos reinternamentos com consequências nefastas para osdoentes, mas que para a Instituição traz ganhos acrescidos dado ofinanciamento ser feito por acto médico.

A cegueira do lucro financeiro por parte do governo/EPEs é tal que chega ao cúmulo de uma Instituição com a especificidade do IPO do Porto ter implementado o pagamento do estacionamento aos doentes que vão fazer os tratamentos que geralmente são prolongados e aos Bombeiros. Se isto não é desumanização, o que será? Os chamados “lucros financeiros” assentam também na generalização do agravamento das condições de trabalho e na remuneração dos trabalhadores destas Instituições EPEs, com o recurso abusivo aos vínculos precários,não pagamento de trabalho extraordinário, aumento das cargas horárias(chega-se às 12 e 16 horas durante dias seguidos), de milhares de folgasem atraso, não admissão de profissionais e grande rotatividade destes,criando instabilidade nos serviços, com efeitos nefastos na qualidade ena quantidade dos cuidados que se prestam aos doentes.

Afunilar a análise e apreciação da prestação destas Unidades de Saúde aos chamados “lucros financeiros”, é pouco sério e pretende escamotear a responsabilidade dos Partidos da direita e do PS, que governam o país e a saúde há mais de 30 anos, que nomeiam os gestores e directores hospitalares por critérios da sua confiança politica. Um governo que se vangloria de que tem lucro nas áreas da saúde, está desfocado da suamissão.

O PCP continuará a lutar para que às populações seja garantido o acesso aos cuidados de saúde, em todos os seus níveis, com dignidade, qualidade e para que aos profissionais de saúde sejam dados melhores condições detrabalho e mais direitos, de serem respeitados e dignificados no exercício das suas funções e desta forma se sentirem mais motivados para melhorarem cada vez mais o seu desempenho, no quadro de um Serviço Nacional de Saúde Universal, Geral e Gratuito

Porto, 3 de Setembro de 2007
A DORP do PCP

segunda-feira, setembro 03, 2007

Uma verdade inconveniente: O Presidente da Colômbia Uribe e os esquadrões da morte (1)

Este post relata uma verdade inconveniente para aqueles (Ver este ou este) que utilizando o pretexto da presença do Partido Comunista da Colombia na Festa do Avante, tentam levar a cabo uma campanha negra contra o PCP. Utilizando a distorção e a manipulação dos factos tentam branquear o regime político de Alvaro Uribe e demonizar as forças políticas e sociais que se lhe opõem.

A verdade inconveniente, que pretendem ocultar é a de que o regime de Uribe e a oligarquia política e económica que o suporta utilizam o terror, exercido com impunidade por grupos de esquadrões da morte, para assassinar políticos, sindicalistas, operários e camponeses. Nesta lista negra estão, obviamente, os comunistas, com alguns milhares de membros assassinados por estes grupos. As ligações entre Carlos Castaño, um dos principais comandantes dos esquadrões da morte e figuras do governo de Uribe são caa vez mais evidentes.

domingo, agosto 12, 2007

Pink Martini (2)

Pink Martini (1)

Uma das bandas mais interessantes e ecléticas da actualidade são os Pink Martini, que executam um repertório diversificado e cantado em várias linguas. Reproduzo duas canções que me agradam particularmente, com o "must" dos videos serem protagonizados por Rita Hayworth com cenas do flme "Gilda" (1946) de Charles Vidor. Um casamento perfeito.

(mais informações sobre o filme aqui: http://www.imdb.com/title/tt0038559/)

quarta-feira, agosto 08, 2007

Desabafos Urbanos

Que dizer perante a política anti-popular e anti-social que o governo chefiado pelo auto-intitulado "Engº" José Sócrates tem vindo a executar? Perante a destruição dos serviços públicos essenciais? Perante a subida dos preços e a descida dos salários e pensões de reforma? Perante a imoralidade da política de saúde? Perante a desumanidade dos doentes e incapacitados a quem é negada a aposentação? Perante as mentiras com que todos os dias os senhores ministros insultam os portugueses, particularmente os trabalhadores da administração pública?

Perante isto só posso dizer uma coisa... Estou 100% de acordo com este senhor.

domingo, junho 10, 2007

Discurso de George Galloaway MP no Parlamento britânico

Um discurso notável e certeiro de George Galloaway desmontando o cinismo e a hipocrisia do governo de Tony Blair. Depois do desastre da guerra do Iraque a dupla Bush/Blair prepara-se para lançar o mundo numa nova guerra, desta vez contra o Irão. Será que nesse caso o nosso Zé Sócrates vai desempenhar o mesmo papel que o Zé Manuel Barroso desempenhou no passado na célebre cimeira das Lajes? Não me espantava...

sábado, maio 19, 2007

Sócrates e o culto da personalidade

Quando o Senhor D. Miguel I procurou restaurar o Absolutismo em Portugal, logo uma diligente polícia política, auxiliada por uma horda de informadores e delatores desataram a tentar identificar individuos suspeitos de dizerem frases pouco abonatórias sobre o novo Rei. Hoje na Torre do Tombo existem numerosos processos políticos dessa época, muitos dos quais se referem a denúncias sobre conversas sediciosas e expressões pouco abonatórias para a com o senhor D. Miguel. É curioso notar que, depois de 1834, quando a situação política mudou, muitos deles, revelando uma grande capacidade de adaptação, procuraram tornar-se também delatores de miguelistas convictos.
A mesma Torre do Tombo guarda também numerosos processos políticos, realizados um século depois, relativos a conversas e comentários pouco abonatórios relativos ao Presidente do Conselho, António Oliveira Salazar.
Agora, em pleno século XXI, uma directora regional do Ministério da Educação e destacado quadro do PS-Porto, de seu nome Margarida Moreira, vem procurar dar continuidade a esta "tradição" do culto do chefe e da delação e perseguição de quem não reconhece publicamente as "virtudes" do chefe. Conforme notícia hoje (19/05) o Público:
Inebriado pelo poder absoluto o governo Sócrates e os seus acólitos entraram numa deriva cada vez mais autoritária, centralista e autista. E como se não bastasse isto, ainda vêm aqueles que procuram mostrar serviço ao "chefe" através de processos mais próprios do Portugal salazarista do que do século XXI. Sinais dos tempos...

30 de Maio - GREVE GERAL


sexta-feira, maio 11, 2007

Postal dos Correios

Uma versão "remix" da canção dos Rio Grande "Postal de Correio"

domingo, maio 06, 2007

Grandes Músicas: Andreas Scholl canta Vivaldi

Um dos maiores contra-tenores da actualidade, Andreas Scholl, interpreta uma lindissima ária de Vivaldi: Nisi Dominus: 'Cum dederit delectis suis somnum'.

domingo, abril 29, 2007

O branqueamento do Nazismo na Letónia

(Video: trailer do documentário "Latvia in Hitler's Footsteps")

Nos estados bálticos assiste-se a um movimento de branqueamento do Nazismo e dos crimes de guerra cometidos pelos corpos de voluntários oriundos deste países que integraram as "Waffen SS" e o "Einsatzgruppen" (tropas especiais comandas por Heydrich cuja missão era o extermínio de não-arianos, ou seja judeus, comunistas, etc). Estes grupos, que agora aparecem em desfiles pelas capitais destes Estados, com o incentivo dos seus respectivos governos, foram responsáveis pelo extermínio de dezenas de milhares de homens mulheres e crianças. Como hoje se sabe muitos dos oficiais e soldados que participaram no Holocausto não eram ~só alemães, mas havia também uma quantidade significativa de austríacos, polacos, húngaros e principalmente letões e estónios.

Na Letónia e na Estónia a introdução de leis discriminatórias que impede o acesso aos direitos básicos de cidadania de pessoas que não são consideradas "etnicamente puras" pelo Estado, de acordo com critérios que lembram as tristemente célebres "Leis de Nuremberga", mostra que o Estado de Direito nestes países é uma farsa.

Esta farsa é hipocritamente tolerada pela União Europeia, que prefere fingir que ignora que estados membros violem todas as convenções e tratados que (dizem) constituem a base da União Europeia.

(Sobre o "Einsatzenngruppen" ver

http://www.youtube.com/watch?v=_eox6GGweRE

(contém cenas chocantes)

sábado, abril 28, 2007

O branqueamento do nazismo na Estónia

(Video: Regresso a casa dos soldados soviéticos depois da vitória sobre o nazismo)

Em diversos países da Europa continua a operação de branqueamento do nazismo e do fascismo. Na Polónia o regime "Nacional-Catolicista" dos irmãos Kaczynski dirige uma operação contra os veteranos que combateram o fascismo em Espanha nas Brigadas Internacionais (actualmente com 80 a 90 anos de idade), ameaçando retirar-lhes as pensões de reforma. Na Estónia o governo pretende derrubar um simbólico Memorial aos soldados que morreram a combater os exércitos nazis, ao mesmo tempo que presta pública homenagem à Estnisches SS-Freiwilligen-Panzergrenadier-Bataillon Narwa, ou seja aos voluntários estónios que integraram as Waffen SS, distinguindo-se na perseguição, deportação e extermínio de populações de origem judaica na Estónia.

quarta-feira, abril 25, 2007

25 de Abril: A queda do fascismo em Portugal e na Itália



O dia 25 de Abril representa a queda do fascismo não apenas em Portugal (1974), mas também em Itália (1945).Apesar de já teem passado 33 anos anos sobre a data da Revolução ainda continuam a existir certos sectores da direita que convivem mal com a memória histórica da Revolução. Apesar de superficialmente procurarem ostentar um certo "verniz democrático", quando se fala da Revolução que pôs em causa o poder e os privilégios das oligarquias fascistas rapidamente estala o verniz.

Vem isto a propósito da última sessão da Assembleia Municipal do Porto, onde diversas bancadas apresentaram moções de saudação ao 25 de Abril e ao 1º de Maio. As bancadas do PSD e do CDS-PP votaram sistematicamente contra todas as moções apresentadas pelo PS, CDU e BE, com o argumento de que eram "passadistas" e "saudosistas" apenas porque recordavam os factos históricos associados a estas duas datas. O que esta por trás desta posição é a vontade destes partidos em apagar a memória histórica do fascismo e da Revolução, negando ao 25 de Abril o seu papel libertador e revolucionário. Pretende-se distorcer e manipular a história de forma a reescrevê-la de acordo com as conveniências da nova classe dominante que emergiu depois do ciclo das "privatizações" cujos laços sucessórios com a antiga classe dominante são evidentes. No entanto, como a imagem dessa antiga classe dominante não é muito boa entre os portugueses, a nova classe dominante necessita, por questões de marketing e de imagem, branquear o fascismo e apagar a memória histórica do que foi o fascismo e, principalmente, quem fora os principais beneficiários do fascismo.

A táctica desta Direita passa assim por negar que existiu fascismo em Portugal, concedendo apenas a existência dum autoritarismo exercido por um único homem, sózinho e isolado. De acordo com esta teoria também não existiram beneficiários, nem apoiantes do fascismo em Portugal. O revisionismo histórico do 25 de Abril passa também por negar o seu carácter revolucionário, substituído por uma "Evolução" que já se teria iniciado com o "Marcelismo".

A Direita portuguesa, particularmente a que se senta na Assembleia Municipal do Porto (com algumas excepções) convive mal com os factos históricos e por isso o branqueamento da história é uma peça central na sua ofensiva ideológica.

sábado, abril 07, 2007

Música para o tempo pascal (2)

Outra obra essencial é a "Stabat Mater Dolorosa" que Giovanni Battista Pergolesi compôs em 1736. Gosto também particularment da "Stabat Mater" de Vivaldi, nomeadamente na interpretação de Andreas Scholl.

Esta versão da peça de Pergolesi é interpretada pelo coro e orquestra do Scala de Milão, dirigido por Claudio Abbado.

Música para o tempo pascal (1)

Uma das obras-primas da música universal é a "Paixão Segundo São João" composta por J. S. Bach em 1724. Neste excerto vemos a ária "Eilt, ihr angefochtnen Seelen" ("Hurry, you tormented souls"). A orquestra do Concertus Musicus Wien é dirigida por Nikolaus.Harnoncourt.

sábado, março 17, 2007

Justiça de Classe ou a Injustiça das Leis e dos Tribunais

Os trabalhadores da antiga Companhia Portuguesa do Cobre (Porto) conheceram finalmente o desfecho dum logo processo, que se arrastou nos tribunais durante quase dez anos. Encerrada em 1997, esta antiga empresa metalúrgica deixou cerca de 150 trabalhadores com seis meses de salários em atraso.
Durante dez anos os retantes credores, nomeadamente a banca (principalmente a Caixa Geral de Depósitos) tudo fizeram para impedir que os salários em atraso dos trabalhadores tivessem prioridade na liquidação da masa falida da empresa. Com recursos constantes aos tribunais e diversas manobras dilatórias, a Banca foi jogando o seu peso económico nos tribunais e impedindo que o processo tivesse um desfecho mais célere.
Hoje finalmente conheceu-se o desfecho deste processo. O tribunal deu prioridade aos créditos da Banca e o que sobrou para pagar os salários aos trabalhadores não chegou a 10% do valor dos salários em dívida. Os 150 antigos trabalhadores da Companhia Portuguesa do Cobre viram assim os seus diretos espezinhados devido à aplicação duma lei profundamente injusta, feita para beneficiar os detentores de hipotecas, em prejuízo da parte mais fraca que ficou na miséria e acabou por saber, passados quase dez anos, que não lhe seria feita justiça.
Aqui se demonstra como a sociedade capitalista se mascara através de leis feitas expressamente para beneficiarem certos lobbies. Não existe Justiça mas apenas uma mera aplicação da "justiça de classe".
Ver também:

domingo, março 04, 2007

Leituras: sobre o jornalismo serventuário do Poder

O controlo apertado sobre o que se publica na comunicação social, através da colocação dum conjunto de "comentadores" e de directores de jornais, é uma das obsessões do "aparelho" que rodeia o Governo. O objectivo é que em cada orgão exista um pequeno "António Ferro".
Conforme nota bem Eduardo Cintra Torres (Público de 3 de Março): "há muito tempo que não se via uma propaganda governamental tão descarada no DN; as manchetes foram frequentemente enviesadas a favor do poder; alguns editoriais pareciam do Acção Socialista; para favorecer o poder, o direito de resposta foi abusado duas vezes." E também: "o programa Notas Soltas, o mais aviltante programa de propaganda governamental pós-moderna da actualidade. António Vitorino, o nº 2 do partido do governo, respondeu durante 17m16s às perguntas sobre os temas que combinou previamente com a jornalista. Este programa é uma espécie de Acção Socialista em versão dialogada. Através dele, o governo dá instruções ideológicas aos seus militantes pelo país fora -- pagas pelos contribuintes e consumidores de electricidade. Como sempre, Vitorino largou algumas opiniões genuinamente individuais, mas largou também algumas posições acabadinhas de sair de São Bento ou do Largo do Rato. E nós a pagarmos."
Mas um dos mais evidentes exemplos do que é o jornalismo mais reverente e serventuário do poder, num estilo muito próximo de António Ferro, são estes editoriais do sub-director do Jornal de Notícias, David Pontes, em que num exercício de mistificação se procura desvalorizar o significado da importante jornada de luta de 2 de Março .

sábado, março 03, 2007

Leituras: Batista Bastos desmascara o "Bloco Central de Interesses"

Batista Bastos, como sempre, acerta na "mouche":
"A conivência de interesses entre o PS e o PSD corresponde a uma "coesão" domesticada, favorável à troca de lugares, às intrigas uniformizadas para se perseguir este e aquele que saia dos eixos. Há dias, um velho amigo meu, fundador do partido de Sá Carneiro (adivinhem que acertam!), dizia-me que a mestiçagem ideológica do PS não começara no conúbio com o PSD. Nascera de uma falaciosa luta contra o PCP. E notava que numerosos daqueles que se acoitaram no albergue anticomunista provinham do "esquerdismo", condenando o PCP como "revisionista". Estão, quase todos, no PS, no PSD, ou defendem, em editoriais, artigos e comentários as impolutas virtudes do capitalismo. Seria elucidativo fazer-se o registo daqueles, socialistas e sociais-democratas genuínos, que abandonaram o PS e o PSD por falta de compromissos das cliques dirigentes para com os seus eleitorados. "

Ler o artigo completo aqui:

Portugueses rejeitam políticas dos Governo Sócrates

Um gigantesco cordão humano uniu, no passado dia 2 de Março, a praça do Saldanha ao largo de S. Bento, em frente à Assembleia da República,passando pelos Restauradores. Cerca de 150 000 pessoas participaram numa das maiores manifestações populares de luta contra as políticas do Governo que se organizaram nos últimos 20 anos. A participação nesta manifestação ultrapassou ainda o número recorde que já tinha sido atingido no passado dia 12 de Outubro, sinal de que a contestação à política do governo vai crescendo cada dia que passa, apesar das tentativas de ocultar estes factos atrás dumas pretensas "sondagens" de opinião.
Mas não foi só em Lisboa que se protestou. À mesma hora em que o desfile em Lisboa começava a desmobilizar, no Alto Minho, mais concretamente em Valença, a população protestava mais uma vez contra a extinção de serviços públicos essencias.
O governo perante os protestos e manifestações pretende manter uma atitude silenciosa, defensiva, evitar declarações e fingir que não é nada com ele. O silêncio que rodeia o primeiro-ministro, ao contrário do que aconteceu em 12 de Outubro, é uma demonstração que os protestos do povo português começam a atingir em cheio o Governo, embora ainda não tenham sido suficientes para o obrigar a recuar.
Apesar de ter sido o acontecimento político-social mais relevante da semana e o que envolveu mais gente, é curioso reparar o pouco destaque que lhe foi dado pela imprensa. Praticamente durante toda a semana não se fizeram referências à realização deste evento e depois os jornais dão-lhe um destaque reduzido, remetendo-o para as obscuras páginas secundárias. Em contrapartida a OPA sobre a PT é dissecada até à exaustão, apesar de não passar duma guerra privada entre grupos capitalistas e que envolvem apenas algumas centenas de pessoas. Um outro facto político ainda mais irrelevantes (umas declarações assaz contraditórias de Paulo Portas) são alcandoradas à categoria do facto político mais relevante da semana. É esta a imprensa que temos. Nada que nos admire, até porque Antonio Gramsci já tinha escrito algo que lido à luz da imprensa portuguesa contemporânea se torna fundamental para compreendermos estes mecanismos:“Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa com prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve? Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há manifestação? Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos, facciosos, malfeitores.O governo aprova uma lei? É sempre boa, útil e justa, mesmo se não é verdade. Desenvolve-se uma campanha eleitoral, política ou administrativa? Os candidatos e os programas melhores são sempre os dos partidos burgueses. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador.”

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Colômbia sem Justiça

Recentemente alguns blogues apareceram muito preocupados com uma eventual presença das FARC em território português, mas que, simultaneamente, tentaram ocultar a verdadeira situação social na Colômbia e branquear o negro currículo do regime do Presidente Álvaro Uribe.

Recentemente foi noticiado o envolvimento de elementos do círculo mais próximo de Uribe nas actividades terroristas dos grupos para-militares que actuam como verdadeiros "esquadrões da morte" ao serviçodos capitalistas e latifundiários da Colômbia. Centenas de sindicalistas, activistas de organizações de direitos humanos e de partidos de esquerda foram assassinados na Colômbia. Todos estes crimes têm ficado impunes porque os grupos para-militares que os executam têm apoios e cumplicidades nos mais altos níveis do Estado e do Exército. As próprias Forças Armadas encarregam-se de reprimir com alto grau de violência as lutas e protestos dos camponeses. A Colômbia é actualmente um país com um sistema político bloqueado e um aparelho de estado utilizado para exercer a violência sobre o povo

Brevemente publicaremos mais videos sobre a situação neste país da América Latina. Este é da autoria da ONG Justice for Colombia (www.justiceforcolombia.org) constituída por sindicatos britânicos para denunciar a perseguição exercida contra os sindicatos e sindicalistas.

domingo, fevereiro 25, 2007

Sócrates discursa no Parlamento

Porque hoje é Domingo um momento de humor, que é muito mais sério do que parece.

Os nossos talibans


Os talibans caracterizam-se pela sua interpretação muito particular do Alcorão, que muitos consideram obsessivamente ultra-fundamentalista. Nós por cá também vamos tendo uma espécie afim, mas que pretendem elevar os discursos de José Sócrates e a política deste governo à categoria das sunnas do Alcorão.
Nesta nova espécie de taliban lusitano tem-se distinguido Vital Moreira, que defende ´~ao radicalmente as medidas mais anti-sociais deste governo, que quando José Sócrates se vê obrigado a recuar pela força do protesto popular, Vital Moreira fica a falar sózinho.
Só assim se percebe post deste tipo: http://causa-nossa.blogspot.com/2007/02/protestos.html
Mas tanta perseverança há um dia de ser reconhecida e valer-lhe um lugarzinho de presidente do Tribunal Constitucional.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Flexisegurança?

Uma canção colombiana (grupo La Banda de Francotiradores) que demonstra como as teorias da flexibilização laboral têm como consequência a redução dos salários dos trabalhadores, o aumento do tempo de trabalho e o crescimento dos lucros dos patrões.

domingo, fevereiro 18, 2007

É tempo de dizer BASTA!

Regresso ao básico

Terminado o período de campanha que culminou no referendo do passado dia 11/02 o país vai retomando a consciência do buraco para onde está a ser conduzido pela política anti-popular e anti-social deste governo.
A convocação do referendo para um momento em que subia de tom a contestação às políticas do Governo não é fruto do acaso. Proporcionou uma excelente ocasião ao Engº Sócrates para distraír os portugueses de algumas medidas mais gravosas e, ao mesmo tempo, aparecer a dar um "rebuçado" à ala esquerda do PS para os calar durante algum tempo. Como era previsível o Engº Sócrates apareceu agora, com a ajuda de alguma imprensa mais subserviente ao poder, a cavalgar o resultado do referendo tentando transformar o Sim à despenalização da IVG, num Sim à política geral do Governo.
Mas por mais que o discurso do Governo procure mistificar as coisas a verdade acaba, mais cedo ou mais tarde, por se impôr. As manifestações das populações de Valença e Vendas Novas contra o encerramento dos serviços de saúde e os protestos da população do Porto contra a extinção das carreiras de transportes são o primeiro sinal de que as coisas começam a mover-se.

sábado, janeiro 27, 2007

O contra-ataque do lobbie das barragens

Recentemente foi lançado um concurso para escolher algumas das maravilhas de Portugal, que constavam duma lista dos mais emblemáticos monumentos nacionais. Apesar de termos um importante e diversificado património histórico-cultural, não são muito abundantes os monumentos que representam valores artísticos de importância universal. Um deles é o complexo de gravuras rupestres do paleolítico superior do Vale do Côa. Ameaçadas de destruição, foram salvas in extremis graças a um importante movimento de opinião pública.
Mas o lobbie das barragens não desistiu da intenção de construír mais uma barragem no Rio Côa e tem vindo a movimentar influências no sentido de rever a decisão de preservação deste monumento classificado como "Património da Humanidade". O recente anúncio pelo PM José Sócrates de se costruirem mais barragens, em lugar ainda não divulgado, assim como artigos de indiduos próximos do actual Governo como este:
ou este:
Deixam suspenso o futuro do importante património artístico que representa o santuário rupestre do Vale do Côa.

Notícias sem novidades

Sócrates rejeita propostas anti-corrupção apresentadas por João Cravinho.

domingo, janeiro 21, 2007

Kurt Weill





Kurt Weill (1900-1950) é uma das maiores referências da música do século XX. Para mim é um dos meus compositores favoritos e escutar as suas músicas representa sempre uma forte emoção. Ná época em que foram compostas as suas músicas avançaram com propostas inovadoras que revolucionaram as concepções clássicas da música erudita. Mas ao mesmo tempo as suas peças, nomeadamente aquelas em que trabalhou em parceria com Bertholdt Brecht, também se tornaram extraordinariamente conhecidas, demonstrando assim que as vanguardas artísticas não têm necessariamente que estar acantonadas a pequenos grupos de “iniciados”. Actualmente as músicas de Kurt Weill são executadas quer por orquestras sinfónicas, quer pelos nomes mais conhecidos da música pop como Ute Lemper, Lou Reed, Nick Cave e outros.

Para saber mais sobre Kurt Weill: http://www.kwf.org/ (site da Fundação Kurt Weill)

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Uma obra (quase) desconhecida de Mies van der Rohe


Mies van der Rohe (1886-1969) foi um dos arquitectos mais importantes do século XX e autor de obras que revolucionaram a arquitectura do seu tempo. Professor da BauHaus, as suas obras aquitectónicas caracterizam-se pela sua simplicidade elegante, pelas formas depuradas e por uma funcionalidade desprovida de ornamentos superfluos.
Obrigado a fugir da Alemanha em 1937, devido à perseguição movida pelos nazis à BauHaus, emigrou para os Estados Unidos, onde se tornou o autor e diversos edifícios de referência da arquitectura do século XX.
No entanto, uma faceta muito pouco conhecida da sua biografia é a sua militância comunista. Uma das obras que se relaciona com a sa ntervenção política através da aquitectura é o Memorial a Rosa Luxemburgo e Karl Liebkenecht, dirigentes do Partido Comunista Alemão, assassinados em 1919 no rescaldo da revolução spartaquista. Actualmente já não existe, uma vez que foi destruído pelos nazis, mas ainda sobreviveram algumas imagens para contar a história.
(para saber mais sobre a BauHaus ver: http://www.wsws.org/pt/2006/oct2006/por1-13o_prn.shtml)

quinta-feira, janeiro 04, 2007

A “Nova Rede” da STCP


É interessante reparar que um dos principais motivos porque a rede de transportes públicos é muito mais eficiente nos países do Norte da Europa, ao contrário do que acontece neste canto da Península Ibérica, é porque nesses países os gestores e decisores fazem as suas deslocações utilizando o transporte público, enquanto que aqui preferem o transporte individual. Por isso não sentem as consequências de muitas decisões negativas para os utentes/clientes deste serviço público.

Talvez seja esta uma das razões subjacentes à forma autista com que a administração da STCP está a realizar uma reestruturação da rede de transportes públicos da Área Metropolitana do Porto, criando um serviço muito pior do que existia anteriormente. Esta reestruturação assentou numa forte campanha de marketing, com frases muito bonitas, mas sem nenhuma relação com a realidade, como “Passe com tranquilidade”, ou “Novas Linhas Sempre à Mão” (suprema ironia). No entanto o processo foi sempre gerido, pela STCP, com o maior secretismo e só muito tardiamente, após várias reclamações, foi feita uma audição aos presidentes das Juntas de Freguesia. Realmente é muito pouco, porque numa reestruturação tão profunda era exigível que audição pública fosse alargada ao maior número possível de interessados, nomeadamente às Assembleias de Freguesia, as Comissões de Utentes e o público em geral. É sintomático deste secretismo o facto de a poucos dias da entrada em vigor da “Nova Rede” não se saber nada sobre os novos percursos. Só mais tarde saiu um folheto e, mesmo assim com uma informação muito incompleta, não trazendo, como era exigivel, um mapa global com todas as linhas da rede, que deveria ser complementado com os mapas da rede nocturna e de fim-de-semana. A informação disponibilizada no site da STCP é também muitissimo pobre.
Esta nova rede conta com uma redução de 24 carreiras, ligações mais curtas, maiores transbordos com consequente aumento do tempo dos percursos, além de uma diminuição significativa dos respectivos horários de funcionamento. Para além disso, muitas zonas deixam de ser servidas durante a noite e ao fim-de-semana, dificultando o acesso de muitos cidadãos aos locais onde estão os serviços e equipamentos públicos essenciais (centros de saúde, escolas, cemitérios, repartições, etc).

A STCP como empresa pública tem responsabilidades sociais e económicas, que não se medem apenas pelos seus resultados líquidos, mas também pelo serviço público essencial que presta aos cidadãos e pelo contributo que presta ao desenvolvimento económico da região. Esta reestruturação, tal como está prevista, irá reduzir a qualidade e o alcance do serviço prestado, desincentivando o uso do transporte público e tendo como consequência o previsível aumento de pressão do tráfego automóvel sobre zonas já congestionadas.

Por último, não posso deixar de estranhar (ou talvez não) o silêncio do Presidente da Junta Metropolitana do Porto, Dr. Rui Rio (também Presidente da CMP) em todo este processo, o que indicia naturalmente a sua concordância com o rumo traçado pelo Governo para a STCP, uma vez que esta “reestruturação” é da responsabilidade polítca da respectiva tutela (neste caso o Ministério das Obras Públicas – Secretaria de Estado dos Transportes).