O controlo apertado sobre o que se publica na comunicação social, através da colocação dum conjunto de "comentadores" e de directores de jornais, é uma das obsessões do "aparelho" que rodeia o Governo. O objectivo é que em cada orgão exista um pequeno "António Ferro".
Conforme nota bem Eduardo Cintra Torres (Público de 3 de Março): "há muito tempo que não se via uma propaganda governamental tão descarada no DN; as manchetes foram frequentemente enviesadas a favor do poder; alguns editoriais pareciam do Acção Socialista; para favorecer o poder, o direito de resposta foi abusado duas vezes." E também: "o programa Notas Soltas, o mais aviltante programa de propaganda governamental pós-moderna da actualidade. António Vitorino, o nº 2 do partido do governo, respondeu durante 17m16s às perguntas sobre os temas que combinou previamente com a jornalista. Este programa é uma espécie de Acção Socialista em versão dialogada. Através dele, o governo dá instruções ideológicas aos seus militantes pelo país fora -- pagas pelos contribuintes e consumidores de electricidade. Como sempre, Vitorino largou algumas opiniões genuinamente individuais, mas largou também algumas posições acabadinhas de sair de São Bento ou do Largo do Rato. E nós a pagarmos."
Mas um dos mais evidentes exemplos do que é o jornalismo mais reverente e serventuário do poder, num estilo muito próximo de António Ferro, são estes editoriais do sub-director do Jornal de Notícias, David Pontes, em que num exercício de mistificação se procura desvalorizar o significado da importante jornada de luta de 2 de Março .
1 comentário:
Eduardo, mãos de tesoura, bem pode perorar sobre o assunto, mas o DN vai continuar exactamente como estava, imperturbável, a descer a pique nas vendas, é verdade, mas imperturbável, de referência. Portanto, sô Cintra, só gastou o seu latim. Pensava que era isso que ia agitar as águas no DN? No way!
Enviar um comentário