Teixeira dos Santos surpreendeu muita gente, há algumas semanas atrás, com um discurso em que se exigia à banca uma maior participação nos sacríficios impostos aos portugueses por este governo e que estava a estudar a forma de moralizar a tributação fiscal da banca. Muitos aplaudiram o discurso e assim José Sócrates lá conseguiu ir dizer ao congresso do seu partido que afinal o seu governo até tinha um discurso "à esquerda".
Mostrando-se muito agastado com este discurso, João Salgueiro, que representa a Associação Portuguesa de Bancos veio dizer que se tratava duma deriva populista de tipo "peronista".
Com este discurso o ministro das finanças garantiu, durante uns dias, o protagonismo mediático.
Passado o congresso do PS chegamos ao momento d verdade que é a aprovação do Orçamento de Estado para 2007. Aí Teixeira dos Santos dá uma volta de 180º ao seu discurso anterior e vem dizer que afinal não existe mal nenhum em que o sector bancário e financeiro tenha um tratamento fiscal de favor, em sede de IRC, relativamente à generalidade das empresas portuguesas. Este tratamento privilegiado significa que a banca paga menos de metade da taxa efectiva de IRC que as pequenas e médias empresas são obrigadas a pagar (11% contra 25%). O sector bancário e financeiro tem ainda diversas possibilidades de "planeamento fiscal" que não são permitidas às restantes empresas.
Afinal tudo não passou duma comédia de enganos, no mais genuíno estilo de Gil Vicente. Teixeira dos Santos faz um discurso para iludir os portugueses, enquanto avança com medidas legislativas que visam o um objectivo contrário ao discurso público.
Não deixa também de ser curioso que directores de jornais, comentadores e bloguers, que todos os dias desancam nos supostos "privilégios" da classe média baixa e dos "funcionários públicos", se tenham mostrado tão preocupados com este discurso do ministro das finanças. Podem ficar descansados que afinal o Espírito Santo não dorme (para quem tem pais ricos evidentemente)
sábado, dezembro 02, 2006
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