Os dois acontecimentos políticos internacionais que marcam o mês de Dezembro (a vitória de Hugo Chavéz na Venezuela e, por outro lado, a morte de Augusto Pinochet no Chile) marcam decisivamente uma nova etapa política na América Latina. A iestes factos poderiamos também acrescentar as vitórias da esquerda no Brasil, Bolívia e Equador.
Com a morte de Pinochet enterra-se o último símbolo da Política do Terror aplicada contra o movimento popular progressista e democrático que marcou quase todos os países da América Latina e que se consusbstanciou, entre outros acontecimentos, na sinistra "Operação Condor". Sabemos que quando as tácticas habituais das oligarquias dominantes (o suborno, a chantagem e a ameaça) já não conseguem conter a luta de classes e a classe dominante se encontra em perigo de perder os seus privilégios, esta não hesita em deitar mão de todos os métodos, mesmo os mais violentos, nomeadamente das ditaduras militares ou de tipo fascizante.
Foi exactamente o que aconteceu em 1973 no Chile onde, após o golpe, o exército procedeu à execução sumária e sistemática de todos os dirigentes e activistas dos movimentos políticos de esquerda e sindicais. Esta acção rápida e sistemática é também a prova que o golpe tinha sido preparado com antecedência e minuciosamente, com um extenso trabalho de informações sobre os elementos "subversivos" a abater e que não terá sido realizado só pelos militares. Pinochet aplicou no Chile o mesmo procedimento que o fascismo tinha aplicado em Espanha durante e após a Guerra Civil.
Pinochet não foi mais do que o zeloso executante do "trabalho sujo" que lhe foi confiado pela oligarquia dominante do Chile, contando ainda com a colaboração técnica e política do imperialismo norte-americano. Por isso essa mesma oligarquia está-lhe eternamente grata, como se pode constatar durante o respectivo funeral.
A ambiguidade que nos últimos anos o governo chileno relativamente ao julgamento dos crimes de Pinochet e dos seus cúmplices, radca ainda no medo que as memórias de 1973 ainda inspiram em muitos chilenos. As Forças Armadas ainda continuam a ser um "Estado dentro do Estado", impedindo que o Chile exerça livremente as suas opções democráticas e mantendo uma chantagem permanente ao Estado, numa sociedade ainda traumatizada com a "Política de Terror" de Pinochet.
Mas os ventos de mudança já começaram a soprar, numa América Latina que já não quer suportar mais o domínio das oligarquias e do imperialismo.
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