domingo, setembro 03, 2006

As contradições de Vital Moreira

Vital Moreira tem-se distinguido na lusa blogosfera pela forma entusiástica e superlativa como aderiu às políticas anti-sociais deste governo, muitas vezes até duma forma que poderiamos classificar como de "mais papistas do que o Papa".
Desta vez insurgiu-se contra uma proposta da CGTP de actualização do salário mínimo nacional dos actuais € 385,00 para cerca de € 410,00. Ou seja de mais 6%, que corresponderiam a mais € 35,00/mês. Proposta razoável e justa tendo em conta a degradação do poder de compra do SMN nos ultimos 10 anos e o agravamento do custo de vida dos bens essenciais, particularmente desde que Portugal entrou na Zona Euro. Além disso trata-se de uma actualização que, em números absolutos, é relativamente moderada, tendo em conta também os objectivos de criação do SMN que era assegurar que o salário constitui-se um rendimento suficiente para que o individuo estivesse (particularmente aqueles que desempenhassem trabalhos menos qualificados) , no mínimo, acima do limiar da pobreza. A instituição do SMN depois do 25 de Abril foi uma das principais conquistas civilazacionais do séc. XX e que agora alguns pretendem destruír.
Vital Moreira atira-se contra este proposta, duma forma que muita direita não ousaria dizer publicamente, invocando que:
a) a inflação é reduzida;
b) é melhor ter um emprego com uma remuneração miserável do que estar desempregado;
Mas será que isto faz algum sentido quando, poucos dias antes, o mesmo Vital Moreira, vinha dizer que os aumentos de mais de 1000% nas comparticipações das tabelas da ADSE eram irrisórios porque os valores absolutos eram inferiores a um Euro e o mesmo Vital Moreira vem agora criticar a proposta de mais €35,00 (sete mil escudos antigos) porque é superior aos 2,5% da irrealista previsão oficial do Dr. Constâncio? Afinal os valores servem para uns e não para outros? E as percentagens também? Ou é simplesmente uma forma de manipular os dados para justificar as políticas anti-sociais deste Governo?
Talvez fosse bom antes de falar sobre algo que manifestamente não faz a minima ideia, de que fizesse algumas contas como as familias que apenas têm o SMN repartem as suas despesas domésticas (alimentação, transportes, Habitação) e terá algumas surpresas ao ver como a variação dos preços nestes sectores foi sempre muito superior à taxa de inflação oficial. Aliás só para manuais escolares cada aluno gastará cerca de € 300,00, ou seja quase um salário minimo.
Aliás qualquer empresário gasta por dia, ao almoço, bastante mais do que os € 35,00.
Quanto ao segndo argumento é bastante semelhante ao que os antigos donos de escravos justificavam o esclavagismo, dizendo que apesar de trabalharem de graça os escravos tinham sempre assegurada uma tigela de comida, o que fazia com que a sua situação não fosse assim tão má. Mais palavras para quê?

2 comentários:

Manuel Correia disse...

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Absolutamente de acordo.
Parabéns pelo post.
Obrigado pelo comentário no PUXA-PALAVRA.

Anónimo disse...

O professor Vital é um bicho curioso. Cobarde como poucos - andou a insultar os camaradas que abandonou servindo-se de um pseudónimo, Capitão Nemo - não entende que ninguém lhe dá importância fora da CIC (Cintura Intelectual de Coimbra, a zona compreendida entre os Gerais e a Praça da República). Além disso não se pode esperar muito de um tipo ressabiado que começou por fazer uma tese de Doutoramento sobre "O Capital" e acabou por fazê-la sobre o vinho do Porto. Coitado, são trasfegas... ou transfugas? Ele, o Judas dos Cascais-boys e a Zita nem para puzarem um trenó no Antártico. Não liguem ao cachopo: um renegado é um renegado, com perdão da taulogia, ou, como dizem os cubanos: no se pueden pedir peras al olmo.
Mas cheguem bem nesses gajos, pessoal. Não se perde nada.


Luis Nogueira