sábado, março 03, 2007

Portugueses rejeitam políticas dos Governo Sócrates

Um gigantesco cordão humano uniu, no passado dia 2 de Março, a praça do Saldanha ao largo de S. Bento, em frente à Assembleia da República,passando pelos Restauradores. Cerca de 150 000 pessoas participaram numa das maiores manifestações populares de luta contra as políticas do Governo que se organizaram nos últimos 20 anos. A participação nesta manifestação ultrapassou ainda o número recorde que já tinha sido atingido no passado dia 12 de Outubro, sinal de que a contestação à política do governo vai crescendo cada dia que passa, apesar das tentativas de ocultar estes factos atrás dumas pretensas "sondagens" de opinião.
Mas não foi só em Lisboa que se protestou. À mesma hora em que o desfile em Lisboa começava a desmobilizar, no Alto Minho, mais concretamente em Valença, a população protestava mais uma vez contra a extinção de serviços públicos essencias.
O governo perante os protestos e manifestações pretende manter uma atitude silenciosa, defensiva, evitar declarações e fingir que não é nada com ele. O silêncio que rodeia o primeiro-ministro, ao contrário do que aconteceu em 12 de Outubro, é uma demonstração que os protestos do povo português começam a atingir em cheio o Governo, embora ainda não tenham sido suficientes para o obrigar a recuar.
Apesar de ter sido o acontecimento político-social mais relevante da semana e o que envolveu mais gente, é curioso reparar o pouco destaque que lhe foi dado pela imprensa. Praticamente durante toda a semana não se fizeram referências à realização deste evento e depois os jornais dão-lhe um destaque reduzido, remetendo-o para as obscuras páginas secundárias. Em contrapartida a OPA sobre a PT é dissecada até à exaustão, apesar de não passar duma guerra privada entre grupos capitalistas e que envolvem apenas algumas centenas de pessoas. Um outro facto político ainda mais irrelevantes (umas declarações assaz contraditórias de Paulo Portas) são alcandoradas à categoria do facto político mais relevante da semana. É esta a imprensa que temos. Nada que nos admire, até porque Antonio Gramsci já tinha escrito algo que lido à luz da imprensa portuguesa contemporânea se torna fundamental para compreendermos estes mecanismos:“Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa com prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve? Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há manifestação? Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos, facciosos, malfeitores.O governo aprova uma lei? É sempre boa, útil e justa, mesmo se não é verdade. Desenvolve-se uma campanha eleitoral, política ou administrativa? Os candidatos e os programas melhores são sempre os dos partidos burgueses. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador.”

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