No Público de hoje (5 de Novembro) publica-se um artigo, assinado por Ricardo Dias Félner, intitulado “A viagem mais louca de Sócrates” que pelo seu anacronismo chega a ser hilariante. Trata-se de um longo texto escrito no mais puro estilo do jornalismo agradecido, reverente e subserviente do poder.
O seu carácter anacrónico está na incrível semelhança (quase se poderia dizer “plágio”)das longas entrevistas que, nas longínquas décadas de 30 e 40, António Ferro publicava do género “Um dia com o Presidente do Conselho nos jardins de S. Bento”. Neste caso foi um dia com o primeiro-ministro a bordo dum avião.
Tudo o resto é uma mistura de propaganda política e pessoal do PM, jornalismo de tipo “cor-de-ros” e alguma publicidade à empresa proprietária do aparelho. Ao longo do artigo vão-se sucedendo as mensagens de pura propaganda pessoal do PM: “A presença do PM colocou alguma ordem na turba”, “o tema da conversa cinge-se quase sempre à governação”, “responde a tudo procurando esclarecer algns mal-entendidos recentes” (ou seja as medidas anti-sociais deste governo não existem, são apenas mal-entendidos), “absolutamente empenhado em explicar às pessoas que estes tempos difíceis são para bem do país” (embora os tempos não sejam difíceis para todos mas apenas para os mais pobres e mais fracos e para os que vivem apenas do seu salário), e muitos outros exemplos que tornam a sua leitura um exercício hilariante. Pelo meio ainda há tempo para uma inserção de publicidade aos serviços da companhia proprietária do avião.
Curiosamente (ou talvez não) ao longo deste artigo é utilizada várias vezes a palavra “Rumo”, o que vem de encontro às observações que o Bloguítica (link) já tinha feito sobre a possibilidade de uma crescente utilização deste termo futuramente em artigos noticiosos e de opinião.
Não podemos, após a leitura deste artigo pseudo-jornalístico, deixar de recordar e aplaudir o que ainda há pouco escreveu Batista Bastos no Jornal de Negócios (link).
domingo, novembro 05, 2006
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