sexta-feira, agosto 18, 2006

As confusões de José Manuel Fernandes

O director do Público anda um pouco confuso e com uma acentuada tendência para o disparate. Já estavamos habituados a ler os seus editoriais, normalmente repetitivos, onde invariavelmente se elogia o pensamento político neo-conservador e se faz a profissão de fé no triunfo absoluto do capitalismo sobre a esquerda e demais forças do Mal.
No editorial de hoje (18.08) do Público o disparate bate mais recordes do que Francis Obikwelu numa corrida de 100 metros. José Manuel Fernandes resolveu comparar, certamente por se tratarem de situações equivalentes, a participação de Günter Grass nas "Waffen SS" com o PREC, José Saramago e o DN.
È claro que José Manuel Fernandes não percebeu a diferença entre um instrumento de terror e repressão como foram as "Waffen SS" e um momento libertador que o povo português protagonizou e que extinguiu formas de servidão e subjugação com séculos de existência. Mas para quem viu na invasão do Iraque um novo 25 de Abril já nada surpreenda. Muito menos em quem visita um país, por acaso em guerra, com todas as despesas pagas pelo respectivo governo e depois escreve editoriais "isentos".
Mas para informação do JMF aqui vai uma pequena amostra do "curriculo" das "Waffen SS":
  • Na Campanha de 1944, a 2a Divisão Panzer SS “Das Reich” praticou uma das mais horríveis atrocidades ocorridas em solo europeu, a destruição da vila francesa de Oradour-sur-Glane, onde mais de 600 pessoas foram brutalmente assassinadas. Os homens por fuzilamento, e as mulheres e crianças, amontoadas dentro da igreja do vilarejo que foi incendiada de seguida. A 12a Divisão Panzer SS “Hitlerjugend” foi responsabilizada pela execução de 134 prisioneiros canadenses durante os conflitos na Normandia.
    Na Ofensiva das Ardenas, em dezembro, elementos do Leibstandarte SS sob o comando de Joachim Peiper, executaram mais de 90 prisioneiros de guerra americanos, em Malmedy.
    Na Frente italiana, tropas da 16a Divisão Panzergrenadier “Reichsführer-SS” operando em missão anti-guerrilha, levaram a cabo atos de selvageria ainda mais terríveis do que a destruição de Oradour. Em 12 de agosto de 1944, queimaram a vila de Sant’Anna di Stazzema, exterminando 560 pessoas. No dia 18 de outubro, aniquilaram a comuna de Marzabotto, na província de Bolonha. Ao se retirarem, as tropas das Waffen-SS deixaram para trás 1604 cadáveres de homens, mulheres e crianças. Além destes civis, 226 “partigiani” italianos foram executados. As atrocidades cometidas no Leste Europeu foram tantas que é quase impossível relatar todas, mas certamente foram piores do que as cometidas no Oeste.

Quando José Manuel Fernandes fala de "censura" eu também sempre achei estranho que o Publico não publicasse noticias desagradáveis para o Grupo SONAE. Ou se calhar talvez não seja assim tão estranho.

1 comentário:

Anónimo disse...

A censura no "Público" é perfeitamente "normal" no sentido brechtiano do termo. A nós, gente de esquerda, comunistas ou não, compete-nos procurar ver e entender o que há por baixo dessa normalidade. É natural que o pobre JM Fernandes se comporte como aquilo que é: um lacaio dos interesses mais ferozes do capitalismo e que venha para nós fazer a rábula da isenção. Escreve mal, nem percebo porque lhe chamam ou se diz jornalista. Robert Fisk que conhece como poucos o Médio Oriente, diz textualmente num artigo do Independent que o exército dos EUA é um "exército de rufias", moralmente apodrecido, tal como o exército de Israel, e como o de Israel caracterizado por uma cobardia que só a superioridade tecnológica e armamentísta disfarçam. Quem quer que tenha participado numa guerra perceberia logo, desde o 1º dia, que os EUA seriam derrotados. Questão de tempo. Q.E.D.

Luis Nogueira