sábado, janeiro 27, 2007

O contra-ataque do lobbie das barragens

Recentemente foi lançado um concurso para escolher algumas das maravilhas de Portugal, que constavam duma lista dos mais emblemáticos monumentos nacionais. Apesar de termos um importante e diversificado património histórico-cultural, não são muito abundantes os monumentos que representam valores artísticos de importância universal. Um deles é o complexo de gravuras rupestres do paleolítico superior do Vale do Côa. Ameaçadas de destruição, foram salvas in extremis graças a um importante movimento de opinião pública.
Mas o lobbie das barragens não desistiu da intenção de construír mais uma barragem no Rio Côa e tem vindo a movimentar influências no sentido de rever a decisão de preservação deste monumento classificado como "Património da Humanidade". O recente anúncio pelo PM José Sócrates de se costruirem mais barragens, em lugar ainda não divulgado, assim como artigos de indiduos próximos do actual Governo como este:
ou este:
Deixam suspenso o futuro do importante património artístico que representa o santuário rupestre do Vale do Côa.

Notícias sem novidades

Sócrates rejeita propostas anti-corrupção apresentadas por João Cravinho.

domingo, janeiro 21, 2007

Kurt Weill





Kurt Weill (1900-1950) é uma das maiores referências da música do século XX. Para mim é um dos meus compositores favoritos e escutar as suas músicas representa sempre uma forte emoção. Ná época em que foram compostas as suas músicas avançaram com propostas inovadoras que revolucionaram as concepções clássicas da música erudita. Mas ao mesmo tempo as suas peças, nomeadamente aquelas em que trabalhou em parceria com Bertholdt Brecht, também se tornaram extraordinariamente conhecidas, demonstrando assim que as vanguardas artísticas não têm necessariamente que estar acantonadas a pequenos grupos de “iniciados”. Actualmente as músicas de Kurt Weill são executadas quer por orquestras sinfónicas, quer pelos nomes mais conhecidos da música pop como Ute Lemper, Lou Reed, Nick Cave e outros.

Para saber mais sobre Kurt Weill: http://www.kwf.org/ (site da Fundação Kurt Weill)

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Uma obra (quase) desconhecida de Mies van der Rohe


Mies van der Rohe (1886-1969) foi um dos arquitectos mais importantes do século XX e autor de obras que revolucionaram a arquitectura do seu tempo. Professor da BauHaus, as suas obras aquitectónicas caracterizam-se pela sua simplicidade elegante, pelas formas depuradas e por uma funcionalidade desprovida de ornamentos superfluos.
Obrigado a fugir da Alemanha em 1937, devido à perseguição movida pelos nazis à BauHaus, emigrou para os Estados Unidos, onde se tornou o autor e diversos edifícios de referência da arquitectura do século XX.
No entanto, uma faceta muito pouco conhecida da sua biografia é a sua militância comunista. Uma das obras que se relaciona com a sa ntervenção política através da aquitectura é o Memorial a Rosa Luxemburgo e Karl Liebkenecht, dirigentes do Partido Comunista Alemão, assassinados em 1919 no rescaldo da revolução spartaquista. Actualmente já não existe, uma vez que foi destruído pelos nazis, mas ainda sobreviveram algumas imagens para contar a história.
(para saber mais sobre a BauHaus ver: http://www.wsws.org/pt/2006/oct2006/por1-13o_prn.shtml)

quinta-feira, janeiro 04, 2007

A “Nova Rede” da STCP


É interessante reparar que um dos principais motivos porque a rede de transportes públicos é muito mais eficiente nos países do Norte da Europa, ao contrário do que acontece neste canto da Península Ibérica, é porque nesses países os gestores e decisores fazem as suas deslocações utilizando o transporte público, enquanto que aqui preferem o transporte individual. Por isso não sentem as consequências de muitas decisões negativas para os utentes/clientes deste serviço público.

Talvez seja esta uma das razões subjacentes à forma autista com que a administração da STCP está a realizar uma reestruturação da rede de transportes públicos da Área Metropolitana do Porto, criando um serviço muito pior do que existia anteriormente. Esta reestruturação assentou numa forte campanha de marketing, com frases muito bonitas, mas sem nenhuma relação com a realidade, como “Passe com tranquilidade”, ou “Novas Linhas Sempre à Mão” (suprema ironia). No entanto o processo foi sempre gerido, pela STCP, com o maior secretismo e só muito tardiamente, após várias reclamações, foi feita uma audição aos presidentes das Juntas de Freguesia. Realmente é muito pouco, porque numa reestruturação tão profunda era exigível que audição pública fosse alargada ao maior número possível de interessados, nomeadamente às Assembleias de Freguesia, as Comissões de Utentes e o público em geral. É sintomático deste secretismo o facto de a poucos dias da entrada em vigor da “Nova Rede” não se saber nada sobre os novos percursos. Só mais tarde saiu um folheto e, mesmo assim com uma informação muito incompleta, não trazendo, como era exigivel, um mapa global com todas as linhas da rede, que deveria ser complementado com os mapas da rede nocturna e de fim-de-semana. A informação disponibilizada no site da STCP é também muitissimo pobre.
Esta nova rede conta com uma redução de 24 carreiras, ligações mais curtas, maiores transbordos com consequente aumento do tempo dos percursos, além de uma diminuição significativa dos respectivos horários de funcionamento. Para além disso, muitas zonas deixam de ser servidas durante a noite e ao fim-de-semana, dificultando o acesso de muitos cidadãos aos locais onde estão os serviços e equipamentos públicos essenciais (centros de saúde, escolas, cemitérios, repartições, etc).

A STCP como empresa pública tem responsabilidades sociais e económicas, que não se medem apenas pelos seus resultados líquidos, mas também pelo serviço público essencial que presta aos cidadãos e pelo contributo que presta ao desenvolvimento económico da região. Esta reestruturação, tal como está prevista, irá reduzir a qualidade e o alcance do serviço prestado, desincentivando o uso do transporte público e tendo como consequência o previsível aumento de pressão do tráfego automóvel sobre zonas já congestionadas.

Por último, não posso deixar de estranhar (ou talvez não) o silêncio do Presidente da Junta Metropolitana do Porto, Dr. Rui Rio (também Presidente da CMP) em todo este processo, o que indicia naturalmente a sua concordância com o rumo traçado pelo Governo para a STCP, uma vez que esta “reestruturação” é da responsabilidade polítca da respectiva tutela (neste caso o Ministério das Obras Públicas – Secretaria de Estado dos Transportes).